segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A MASCARILHA



Traz a folia no rosto
Ao invés de a ter na alma
A disfarçar o desgosto
A sucumbir a calma.

A Dona do disfarce
Até o estômago pinta
Logo entra em catarse
Seu corpo em festa vomita.

É ela sua única crente
Por isso alimenta a pança
Todos sabem que mente
Mas deixam continuar a dança.

Ela quer sobressair
Nunca se cansa de ser falsa
Até de si tenta fugir
Nem no confronto se alcança.

A Dona da mascarilha
Assusta-se ao espelho
Grita, espeta a forquilha
Será o diabo de vermelho?!

Num olhar de dupla face
Volta a confrontar o espelho
Vê um quadro nu e velho
Espera que a pintura passe.

Foi bom ter-se confrontado
Esperar – sem agir – não dá resultado
Retira o batom do estômago
Os olhos derramam num lago.

A Dona da mascarilha
Quer deixar de ser o que (não) é
Talvez porque não brilha
Desmancha-se da cabeça aos pés!

Há tempo ou será tarde
Para acabar com a farsa?
- Que olhar agora a alcança?-
Pior que a desgraça
Só um peito covarde!



25.02.17


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