sábado, 14 de setembro de 2013

A TI, QUERIDO PAI (*)




   Pai,
  As memórias são intensas e estão impressas na alma como um papel nunca rasurado. Recordo com carinho especialmente, a cumplicidade das nossas brincadeiras e conversas e as histórias perfeitas, antes do voo para o mundo dos sonhos. Oh… como era mais leve o meu despertar!…
  Lembro-me de uma vez que me marcou particularmente, no dia do meu aniversário, em que chegaste mais cedo do trabalho só para estares comigo mais tempo, naquele que era um dia meu e também, teu. Contaste-me que, com a pressa de me trazeres o presente e estares a horas para (o) jantar, até ias atropelando uma senhora pelo caminho. Desmanchámo-nos numa gargalhada sem fim, não por atropelares a senhora mas, porque tivemos o mesmo pensamento: tudo o que nós amamos, leva-nos a cometer “loucuras” saudáveis!
  A verdade é que hoje não estás!… Partiste por uma mera desavença quando, uma conversa à antiga, podia resolver as coisas.
  Procuro-te tantas vezes, sem resposta. Sabes pai… Queria combater esta ferida, tocar ao de leve teu rosto, sentir-te perto de mim e ouvir cada ensinamento. Queria que me ensinasses a beber da vida, o saboroso mosto proporcionado por cada momento feliz, eternizado a teu lado. Nunca te quis passado acordado nesta ferida aberta, que mata e desconcerta todos os meus sonhos – desacreditados.
  Queria apenas, o teu toque inesperado acalmando as noites frias, enfim, ter-te do meu lado, fazendo de ti a estrela de todos os (meus) dias.
  Pai, na impossibilidade de te ter, escrevo-te. Ainda hoje te tenho como um verso mudo. Vem!... Espero-te. És tudo!


(*) Ressalto que este texto - escrito há tempos - é fictício visto que felizmente, tenho uma ótima relação com o meu pai :) *
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