quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

LONGE (DE NÓS)



Pinga no meu decote

A minha blusa
Timidamente
Insiste em recitar-te infinitos versos à beira-mar…
Dentro das minhas mãos
Cabe apenas o melhor do teu rosto
Nu(m) olhar perplexo
Uns lábios temperados, carentes…
Só o cheiro a Dolce & Gabbana Light Blue
Dos nossos interstícios

Polvilha o horizonte…


Nada quer adormecer a esperança
Que se pinta em tons ruivos
Em lençóis vivos, vagabundos…



Por mais erros, promessas, injúrias 
E gritos de revolta 
Ninguém quer adormecer a esperança
Mas ninguém lhe toca 
E só o silêncio ao de leve, a alcança!



O barco ontem preso à orla
Soltou as amarras e partiu 
Com rosas desfolhadas na bagagem
Amorfa talvez, vazia…
O “amanhã” encarregar-se-á de trazer outras paisagens
Outros passos definirão novos caminhos…



O tempo mais forte 
Dentro daquele barco 
Agiu
Apressou-se
Fugiu descompassado
Longe
(de qualquer pedaço) 
De nós…



Adivinho o próximo inverno
Friamente lento
De troncos abandonados
Asas fragmentadas
Em rumos opostos 
Rostos pálidos em amargos de bocas arrependidas…
Claridade algures 
Entre o verão e a primavera…



06.01.13
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