quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O ÚLTIMO POEMA DE AMOR



Enquanto esboçava o teu retrato
Sentia aquele desgosto
Da chuva ácida a beijar-me o rosto
Gemia lentamente o piano em desiderato
Eu e tu em palco, mil e uma cenas
Sonhos a preto e branco palpitavam
Caía em nós uma noite de açucenas
As luas embebidas em fogo despudoradamente se amavam…

No dia em que as minhas mãos te esqueceram os contornos
Ainda tu eras Sol em mim
Continuava a pintar-te no peito amargo com um nó
Assim
Findava a melodia em Dó
Menor
O teu sabor
Trazia-me aos lábios o último poema de amor
Aquando o último cigarro da vida
O desassossego da mente
É uma mortalha pouco esclarecida
Num olhar fotográfico que (con)sente…
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