sábado, 7 de janeiro de 2012

(RETALHOS) SEM LEME

É dia que anoitece ao meu colo
Adormecem retalhos mornos
Esborratados em face glacial
Se busco nas vestes íntimas do tempo
Um abrigo ao sol que me sustente
Sem que me peça
Para soletrar qualquer palavra

Sem leme derroca o navio
Sou capaz de mostrar as mãos
Pregadas na cruz soluçando
À garganta rasgada de coisas minhas
Ainda que gastas demais
Pelo burburinho do vento
Pousado no pretérito (im)perfeito


Em cinzas desce a persiana

Balançando num manancial de emoções
Censuro a curva da estrada
Que me sufoca o peito

E me nega atingir a ponte

Lacrimejando forte ao frio

Meus poros da pele exaltados
Desdobram-se em saltimbancos
A uma velocidade galopante
Deixando de lado solto
Um verso inacabado


Desmorona a alma leviana


Enraizada ao tecto em aço poluído
Às páginas tantas
Em nuvens cinzentas
Reticentes
Aos olhos manchados de pimenta


Sem leme derroca o navio
Em cinzas desce a persiana
Lacrimejando forte ao frio
Desmorona a alma leviana

05.01.12

MAD WORLD – GARY JULES (TRADUÇÃO)
http://www.youtube.com/watch?v=3rbXLunAC-0
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